É difícil falar em sinal na pele sem que surja alguma preocupação com sua evolução para uma questão de saúde grave, como o câncer.
Se você costuma pensar sobre isso, tem razão em se preocupar.
Na realidade brasileira, o câncer de pele é um dos tumores mais frequentes, correspondendo a 25% dos casos registrados. Apesar disso, a boa notícia é que, havendo um diagnóstico precoce e tomada de medidas preventivas, há 90% de chance de cura.
Para muita gente, os sinais de pele traduzem personalidade e carregam até um certo charme. Para outras pessoas, sua retirada teria apenas uma função estética, quando não são bem quistos.
Mas uma coisa é certa: é preciso observá-los com um olhar clínico, pois características anormais podem ser interpretadas como uma mensagem sintomática de que algo não vai bem.
Para compreender quando se deve fazer a retirada de um sinal ou quando ele não representa perigo, você será apresentado aos conceitos, aspectos e classificações mais pertinentes. Também aprenderá sobre o método ABCDE que pode salvar vidas.
Assim, ao final desse artigo, você estará apto a realizar um autoexame eficaz e a identificar quando deve visitar um cirurgião. E também poderá alertar amigos e familiares, recomendando que façam um acompanhamento médico, caso reconheça um “mau sinal”.
Preparado? Então vamos nessa.
Tipos de sinal na pele
Existem dois tipos de sinal na pele: nevos típicos e atípicos.
De modo resumido, os nevos típicos são aquelas pintas comuns e, portanto, saudáveis.
Já os nevos atípicos apresentam irregularidades que podem evoluir para um câncer. Por isso, é necessário monitorá-los.
Mas, para compreender melhor a classificação, é importante compreender o que são os nevos.
"Nevos" ou "tumor cutâneo" são expressões científicas que médicos usam em geral para descrever pintas e sinais, que são sinônimos na linguagem popular.
Você já deve ter escutado que a pele é equivalente a um órgão do corpo humano. E é verdade. Ela não só é um órgão, como é o maior do nosso corpo. Não falta argumento para aceitarmos que, portanto, merece atenção redobrada.
Na pele, a “epiderme” é a camada que fica em sua superfície. Além disso, a pele também é chamada de “cútis”, conceito do qual deriva a denominação de “câncer cutâneo”.
Os sinais que temos na pele se assemelham a pequenas manchas. Imagine que você pudesse analisar um sinal com um microscópio. Sabe o que veria?
Você descobriria que cada uma de suas pintas é uma organização de células produtoras de pigmento (ou melanina) que se concentraram e se mantiveram unidas. A olho nu vemos a manifestação dessa junção através do sinal.
Pintas vermelhas na pele: você tem ou já viu?
As pintas de cor vermelha são resultado da dilatação e proliferação de pequenos vasos da pele. Em geral, não são motivo para preocupação pois são admitidas como lesões benignas e permanecem estáveis.
Essas lesões também são chamadas de “nevos rubis”. E, se houver algum desconforto estético, depois de examinados, os sinais vermelhos podem ser retirados por um cirurgião plástico.
Câncer de pele: principais tipos da doença
Você se lembra das aulas de Biologia?
Voltaremos rapidamente a elas já que, para compreender um câncer é necessário conhecer o básico do processo de mutação do DNA celular. E você verá que não é tão complicado quanto parece.
Cada órgão do nosso corpo é revestido por tecidos que, por sua vez, são formados por células.
Elas nascem e desaparecem a todo momento, pois têm um ciclo de vida. Há um funcionamento natural e reativo do organismo: identifica-se uma célula desviante e, assim, ela é eliminada.
Quando esse mecanismo de proteção falha, a célula problemática passa a:
adentrar outros órgãos
crescer e se multiplicar de modo desordenado
formar tecidos novos, replicando seu DNA desestruturado
E, assim, células cancerosas podem ter espaço para se proliferar.
Visto isto, seguimos à classificação.
O câncer de pele tem uma classificação complexa e é um assunto atrelado a muitos conceitos específicos. Selecionei os principais tipos para facilitar o entendimento do tema.
Carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular
O carcinoma surge quando uma célula epitelial, ou seja, uma célula que compõe a epiderme, sofre alguma alteração maligna.
Importa dizer que esses nomes aparentemente confusos estão aqui por um bom motivo. Os carcinomas basocelular e espinocelular são tipos de câncer de pele que representam cerca de 90% dos casos.
Melanoma
Apesar da menor incidência, quando comparado aos outros dois, o melanoma é o câncer cutâneo com maior índice de letalidade. Corresponde a somente 4% dos cânceres dermatológicos, mas é responsável por 80% das mortes devidas a câncer de pele.
A gravidade do melanoma tem fundamento em sua alta possibilidade de metástase, que é a disseminação da lesão cancerígena para outros órgãos.
Em uma análise não comparativa, embora a incidência desse tumor seja menor, os casos de melanoma apresentam um crescimento em escala global. E o seu surgimento pode ser explicado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
A incidência global do melanoma é de 160.000 casos por ano, com 48.000 mortes anuais. A maior incidência mundial ocorre em Queensland, na Austrália, com 56 casos a cada 100 mil homens e 41 casos a cada 100 mil mulheres.
Já no Brasil, Santa Catarina é o estado que apresenta o maior número de diagnósticos desse tumor.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), essa é a distribuição proporcional do total de mortes por câncer de pele no Brasil, comparando os períodos de 2010-2014 e 2015-2019:
Sinal na pele: 5 indicativos de que você deve visitar um cirurgião
É possível que você já tenha ouvido falar na regra do ABCDE.
Essa regra resulta em orientações básicas que auxiliam no autoexame periódico de suas pintas e são levadas em consideração pelo médico para diagnosticar ou descartar um câncer de pele.
Veja como funciona o método ABCDE das lesões da pele e analise as imagens abaixo:
1. Assimetria
O sinal deve ser simétrico. Seu formato deve ser oval ou circular, com superfície lisa ou arredondada.
Portanto, visite seu médico caso você identifique uma pinta assimétrica, como esta da foto:
2. Bordas
As bordas das pintas devem ser bem definidas.
Bordas indefinidas, como esta abaixo, são um ponto de atenção:
3. Cores
A cor do sinal deve ser uniforme. Os sinais variam comumente entre rosa, marrom claro ou marrom escuro. Pessoas de pele e cabelos claros tendem a apresentar sinais mais claros. E as que têm pele e cabelo escuros, o contrário.
As cores disformes são geralmente fáceis de identificar:
4. Diâmetro
Uma pinta comum deve ter um diâmetro menor do que 6 milímetros.
A imagem a seguir é um exemplo de sinal com diâmetro superior a 6 milímetros:
5. Evolução
Você deve observar se alguma das características acima evolui ou se modifica com o tempo.
Atenção: um autoexame periódico para analisar os aspectos acima listados é uma excelente medida preventiva que está a seu alcance.
Peça ajuda de alguém ou utilize espelhos para conferir os locais do corpo que você não vê com facilidade, como o couro cabeludo, costas, vulva e nádegas.
Feita a checagem do ABCDE, é importante verificar também esses fatores:
Dica 1: Sabe como obter uma média de quantas pintas você tem no corpo? Conte os sinais do seu braço direito. Se calcular uma quantidade superior a 11, quer dizer que você tem mais de 100 pintas, ao todo. Isso indica maior risco de câncer de pele.
Esse método foi desenvolvido e comprovado em pesquisas de uma Universidade de referência, na Inglaterra, o King´s College London.
Dica 2: Indico uma fonte segura para você observar, na prática, a aparência das lesões na pele. Trata-se do Guia de Câncer de Pele (Skin Cancer Guide - SCG), organização criada para conscientizar a população mundial sobre essa enfermidade e educar sobre modos de prevenção.
Neste Guia, você encontra um catálogo de imagens reais e diagnosticadas e pode conferir mais detalhes sobre como essas lesões se apresentam.
Para finalizar, confira o vídeo informativo (se precisar, ative a legenda automática em português):
Riscos do sinal na pele: o que pode induzir a formação de um câncer?
Por ser o maior e mais visível órgão do corpo humano, vimos que a pele nos dá muitos sinais.
A sua adequada observação pode refletir:
Alterações nutricionais
Alterações emocionais
Efeitos colaterais de medicamentos
Doenças internas
Entre os fatores de risco de câncer de pele, o principal é a exposição à radiação ultravioleta (principalmente a radiação UVB).
No entanto, há uma lista de aspectos que se somam a esse fator principal. E esses pontos não são excludentes, ou seja, podem atuar em conjunto, contribuindo para o quadro de enfermidade.
A tabela abaixo reúne os principais fatores relacionados ao câncer de pele:
A seguir, confira alertas importantes sobre alguns dos principais fatores de risco:
Imunossupressão
A imunossupressão é a diminuição das reações imunitárias do organismo, induzida por medicamentos ou agentes imunoterápicos. Esses medicamentos ou quadros clínicos adversos tornam a pele mais sensível ao sol e inibem o sistema imunológico.
No que se refere à imunossupressão, há mais o que se considerar.
A imunossupressão representa um risco porque a radiação ultravioleta suprime o sistema imunológico, diminuindo a vigilância sobre as células tumorais.
Em geral, pessoas que realizaram transplantes apresentam um alto grau de imunossupressão. Pacientes que utilizam antibióticos, antidepressivos ou hormônios também tendem a ter a imunidade suprimida.
Exposição solar
A respeito a exposição solar, gosto de enfatizar algo que poucos se atentam: a luz do sol (que contém a radiação ultravioleta) pode ser refletida através da areia, da água, do asfalto, da neve.
E os raios solares atravessam janelas, roupas leves, para-brisas e nuvens. Além disso, em regiões montanhosas, de altas altitudes, a radiação solar é ainda mais intensa.
Qualquer forma de reforçar a proteção solar é válida, mas fique atento à escolha do protetor. No tópico deste artigo sobre prevenção, você confere o que deve priorizar neste tipo de produto.
Sobre as reflexões que esse tema nos proporciona, algo a se pontuar é que o comprovado aumento da exposição à radiação solar foi, em grande parte, uma resposta às mudanças de comportamento, incentivadas pela valorização estética do bronzeado. Essa valorização levou a um alto grau de exposição da pele.
Uma consequência imediata desse hábito é que mais pessoas se expõem constantemente à radiação ultravioleta, um dos principais fatores de risco para o câncer de pele. Dito isso, cabe levantar uma questão: o custo para se alcançar ou manter um bronzeado compensa?
Prevenção: como cuidar da saúde da pele
Compartilho aqui sugestões objetivas que te ajudarão a se prevenir de um possível câncer de pele:
Realize um autoexame periódico
Fotografe as pintas para verificar se houve mudanças
Proteja-se do sol
Evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h é a recomendação médica usual. Para se proteger, vale abusar de camiseta UV, chapéu, guarda-sol e óculos solar adequado.
Ao utilizar protetor solar, lembre-se de reaplicá-lo e optar por um fator de ampla proteção. Os protetores que contêm óxido de zinco ou dióxido de titânio em sua composição cumprem bem a sua tarefa. Verifique.
E, por último, considere que a limitação exagerada de exposição ao sol pode gerar um déficit de vitamina D. Então, proteja-se com moderação.
Diagnóstico e tratamento do câncer de pele
A retirada de um ou mais sinais cutâneos é recomendada caso apresentem risco à saúde.
O reconhecimento e o encaminhamento precoce aumentam as chances de cura, pois possibilita que o tratamento se inicie prontamente.
Além disso, estudos evidenciam que um câncer descoberto no estágio inicial também reduz os custos de tratamento, gerando considerável economia.
Na etapa inicial da doença, a indicação de tratamento pode ser a cirurgia. A retirada cirúrgica do sinal deve ser feita por médico habilitado em cirurgia plástica. Já um tumor em estágio avançado necessita de tratamento complementar com radioterapia e ou quimioterapia.
A confirmação diagnóstica do câncer de pele é feita, em geral, através de uma biópsia excisional ou incisional. A biópsia consiste na retirada, completa ou parcial, do sinal suspeito, a fim de verificar se existem células cancerosas.
Além disso, a tecnologia tem evoluído para proporcionar uma análise computacional dos sinais, auxiliando bastante na identificação das atipicidades e, consequentemente, na precisão do diagnóstico.
Sabemos que em todo procedimento cirúrgico há uma preocupação em torno da cicatrização.
Além da cura, é claro, o que se deseja é permanecer sem marcas esteticamente desagradáveis. Principalmente se a lesão em questão estiver localizada no rosto do paciente.
A esse respeito, convém contar com a habilidade de um cirurgião plástico. A especialidade desse cirurgião permite que se alcancem resultados estéticos melhores e com menos cicatrizes possíveis.
Além disso, apesar de a retirada do sinal ser realizada por meio de uma cirurgia, pequenos tumores podem ser extraídos sob anestesia local, muitas vezes com reconstrução no mesmo dia.
Portanto, visite regularmente seu cirurgião plástico caso apresente lesões de pele que cresceram, mudaram de cor ou aspecto, apresentaram pequenos sangramentos ou mesmo coceira persistente.
Lembre-se: a prevenção ainda é o melhor tratamento.
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Dr. Francisco Aníbal Passos de Brito - Cirurgião Plástico - CRM: 11.137 / RQE: 6.311